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Estudo do Inconsciente

 Inconsciente: Perspectivas Filosóficas e Psicanalíticas O estudo do inconsciente tem sido uma das áreas mais fascinantes e complexas da filosofia e da psicologia. Desde os tempos antigos, filósofos têm contemplado a natureza oculta da mente humana, enquanto a psicanálise, especialmente através dos trabalhos de Sigmund Freud e outros psicanalistas contemporâneos, tem lançado luz sobre as camadas profundas da psique humana.  Este breve texto visa explorar essas perspectivas, desde os fundamentos filosóficos até as contribuições contemporâneas da psicanálise, incluindo importantes figuras brasileiras nesse campo. Filosofia e o Inconsciente A investigação filosófica sobre o inconsciente remonta aos tempos antigos, com Platão sugerindo a existência de uma alma dividida em camadas, algumas das quais permanecem inacessíveis à consciência. Aristóteles, por sua vez, discutiu o papel dos sonhos como reveladores de desejos e preocupações ocultas.  No entanto, foi com a ascensão da psicanálise qu

Nuances para uma psicologia escolar do sujeito

Por Danilo M. H.


O presente texto tem como objetivo elencar as contribuições da psicologia para a educação escolar a partir dos principais conceitos das teorias de Jean Piaget, Lev Vygotsky, Wilhelm Reich e Martin Buber.


A partir do artigo científico “Contribuições da psicologia para a relação professor-aluno” (Pena, 2021) abordaremos tópicos importantes de teorias da psicologia escolar desenvolvidos pelos autores supracitados.


O artigo de Pena reflete sobre as complexas interações que se estabelecem no interior das instituições educativas a ponto de colocar em xeque o paradigma da palavra do educador diante de uma postura que perpassa a criança-objeto para uma criança-sujeito. Nesse sentido, o autor contextualiza os fenômenos da educação escolar na complexa relação entre professor-aluno.


Em um primeiro momento, vale considerar todo arcabouço teórico desenvolvido especialmente por Piaget e Vygotsky, Wilhelm Reich e Buber. Isso porque todos defendem uma ruptura do paradigma da educação visto como simples transferência de conhecimento. 


É interessante observar, como estudamos no curso de Psicologia, que os teóricos apostam na construção da aprendizagem a partir das relações dos sujeitos envolvidos na ação para além da posição de objeto.


Para Piaget, por exemplo, a aprendizagem é construída a partir do desenvolvimento e como tal acontece em etapas. Já Vygotsky defende que acima é preciso compreender processos e relações. Reich, por sua vez, enriquece a discussão trazendo o conceito de unidade funcional entre o corpo e a mente. Por fim, Buber, que destaca a filosofia do diálogo como forma de contribuir para as relações de aprendizagem na área educacional.


Desse modo, Pena discorre sobre as principais contribuições que cada teórico forneceu ao desenvolvimento de uma educação escolar que perpassa a relação professor-aluno de uma relação de objeto para uma relação dialética de sujeito autônomo em criar condições para um processo de aprendizagem próprio.


O profissional de psicologia que pretende atuar em escolas de educação infantil até universidades deve “caminhar no sentido de ajudar a compreender as relações que se estabelecem no interior das instituições educativas” (Pena, 2021). 


Desse modo, cabe ao psicólogo escolar defender uma atuação para além da fragmentação das teorias expostas, buscando compreender o “outro de quem eu falo naquele com quem eu falo” (Ibidem).


Nesse sentido, não podemos isolar apenas aspectos cognitivos ou questões morais, o grande desafio é ver, escutar, aceitar, acolher, ter atenção e autoridade, sempre direcionado para a ética do cuidado com o outro.




Referência bibliográfica:


PENA, Alexandre Coelho. Contribuições da psicologia para a relação professor-aluno. Rio de Janeiro: Fractal, Rev. Psicol. 33 (2). Disponível em: <https://www.scielo.br/j/fractal/a/TScCDGXCXwbtgjB75gcJnCB/> Acesso em: 04 nov. 2021.


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