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Estudo do Inconsciente

 Inconsciente: Perspectivas Filosóficas e Psicanalíticas O estudo do inconsciente tem sido uma das áreas mais fascinantes e complexas da filosofia e da psicologia. Desde os tempos antigos, filósofos têm contemplado a natureza oculta da mente humana, enquanto a psicanálise, especialmente através dos trabalhos de Sigmund Freud e outros psicanalistas contemporâneos, tem lançado luz sobre as camadas profundas da psique humana.  Este breve texto visa explorar essas perspectivas, desde os fundamentos filosóficos até as contribuições contemporâneas da psicanálise, incluindo importantes figuras brasileiras nesse campo. Filosofia e o Inconsciente A investigação filosófica sobre o inconsciente remonta aos tempos antigos, com Platão sugerindo a existência de uma alma dividida em camadas, algumas das quais permanecem inacessíveis à consciência. Aristóteles, por sua vez, discutiu o papel dos sonhos como reveladores de desejos e preocupações ocultas.  No entanto, foi com a ascensão da psicanálise qu

Pinóquio às avessas, de Rubem Alves

Abaixo, uma análise da obra "Pinóquio às avessas", de Rubem Alves a partir de três das cinco abordagens teóricas do ensino-aprendizagem propostos por Mizukami (2013).

O primeiro capítulo é teórico e consiste no encadeamento de ideias chaves que visam esclarecer a estrutura que compõe cada teoria dentro de um modelo pedagógico e epistemológico.

Apesar da vasta bibliografia consultada, centralizamos a pesquisa nos conceitos propostos por Mizukami (2013) na obra “Ensino: as abordagens do processo”.

No segundo capítulo elencamos alguns trechos da obra literária que ensejam sobre os modelos de abordagens propostos pela autora -- a abordagem tradicional, a abordagem comportamental e a abordagem humanista.

Por fim, nas considerações finais iremos ressaltar as características de cada abordagem, comparando-as e colocando-as no tempo presente. Avaliamos os pontos positivos e negativos de cada, refletindo sobre o impacto de cada modelo na formação escolar de crianças e adolescentes. 

Capítulo 1: Abordagens Pedagógicas

Mizukami (2013), aborda em seu livro 5 linhas como sendo as que mais podem ter influenciado os professores brasileiros. Entretanto, para este trabalho utilizaremos apenas três, sendo elas respectivamente: abordagem tradicional, comportamental e humanista. 

Neste capítulo trataremos das características básicas para a compreensão de cada uma delas.


1.1 Abordagem Tradicional

A Abordagem Tradicional é uma abordagem diretiva, onde o professor é o ativo, e o aluno o passivo, logo, o professor que conduz a aula do começo ao fim. O aluno apenas executa o que lhe é ordenado pelas autoridades superiores, pois ele é visto como uma folha em branco, onde todo conhecimento está centrado na figura do professor, deixando de lado toda a experiência externa que o aluno possa ter. 

Paulo Freire (1975) aludia esse tipo de abordagem como uma "educação bancária", onde o professor é detentor de todo o conhecimento. E o aluno visto como um "adulto em  miniatura" que está sendo preparado para desenvolver o papel que a sociedade espera. (MIZUKAMI, 2013, p.10) 

Esse modelo pedagógico visa extrair o máximo de conhecimento para a formação do aluno, e quando estes não são atingidos, há a reprovação. Conforme Mizukami expõe em sua pesquisa, "as provas e exames se fazem necessários para a constatação de que este mínimo exigido para cada série foi adquirido pelo aluno. O diploma é tido com um instrumento de hierarquização social". (MIZUKAMI, 2013, p. 9)

Este processo educativo é bem individualista, impossibilita a troca de conhecimentos com o outro, e situações de trabalho e pesquisa coletiva. O foco é apenas na quantidade de ideias armazenadas, e não na formação do pensamento reflexivo e coletivo. Ou seja, não se desenvolve o senso crítico do indivíduo.

Neste tipo de abordagem, para que não haja distração do aluno, é necessário um ambiente rígido, e o distanciamento do professor para com esse indivíduo se faz fundamental.

O conhecimento é visto como acumulativo, ou seja, é preciso armazená-lo e acumulá-lo. O aluno precisa memorizar todo o conhecimento transmitido pelo professor na instituição escola, pois para alguns teóricos dessa abordagem, como por exemplo Durkheim, a educação está restrita apenas à escola. (MIZUKAMI, 2013, p. 11).

De acordo com Mizukami, "a abordagem tradicional é caracterizada pela educação como um produto, já que os modelos a serem alcançados já estão pré estabelecidos." (Ibdem, p. 11). Portanto, não é dado ênfase ao processo, ao desenvolvimento e à construção do conhecimento, mas simplesmente ao seu final.

Nesta abordagem, "a existência de um modelo pedagógico é de suma importância para a criança e sua educação." (MIZUKAMI, 2013, p. 13). Desta forma, o programa pedagógico deverá ser seguido para que a criança possa acumular todo o conhecimento necessário para se tornar um "adulto completo". 

Além disso, a linha de ensino-aprendizagem tradicional privilegia algumas matérias em detrimento de outras, independente da intimidade e ou facilidade de cada aluno em relação às mesmas. Atividades intelectuais e o raciocínio abstrato são impostas como mais importantes  e, por isso acumulam carga maior no currículo de todos alunos de forma igual.

Portanto, o modelo tradicional tende a tratar todo os alunos igualmente, sem respeitar suas diferenças. Conforme explica Mizukami (2013, p. 16) "todos deverão seguir o mesmo ritmo de trabalho, estudar pelos mesmos livros, textos, utilizar o mesmo material didático, [...] adquirir, pois, os mesmos conhecimentos"

Com esta metodologia de ensino, o professor acaba por sobrepor um assunto sobre outro para seguir o cronograma do programa pedagógico, deixando de lado as dificuldades individuais, que serão confirmadas somente após a correção das avaliações que medirão o conhecimento diretivo transmitido.

Nas avaliações o aluno deverá ser capaz de reproduzir com exatidão todo o conteúdo ministrado pelo professor durante as aulas. E, de acordo com o seu desempenho, obterá uma nota que refletirá o conhecimento retido naquele momento.

Portanto, é possível resumir essa abordagem ensino-aprendizagem como um modelo diretivo, empirista, não interacionista e individualista.


1.2 Abordagem Comportamental

A abordagem comportamental é caracterizada pelo empirismo, ou seja, considera a experiência como a base do conhecimento, e vê o indivíduo ligado às situações do mundo externo. O intuito final é tornar o homem controlador das suas próprias contingências.

Na abordagem comportamental "o aluno é visto como um recipiente de informações e reflexões, e o professor é considerado um planejador e analista de contingências, é visto como aquele deve elevar o desempenho do aluno. (MIZUKAMI, 2013, p. 20-21)

A estratégia deste modelo ensino-aprendizagem é permitir que um grupo maior de alunos consiga alcançar altos níveis de desempenho. Para Houston e Howsam (1972, p. 4-6) tal estratégia se fundamenta no fato de que a aprendizagem é um fenômeno individual e é favorecida pelo conhecimento preciso, por parte do aluno, do que dele se espera, assim como dos resultados por ele atingidos.


Por fim, para os comportamentalistas, conforme elucida Mizukami:

O ensino é composto por padrões de comportamentos que podem ser mudados através de treinamento. [...] Supõe-se e objetiva-se que o professor possa aprender a analisar elementos específicos de seu comportamento, seus padrões de interação, para, dessa forma, ganhar controle sobre eles e modificá-los em determinadas direções quando necessário. (2013, p. 21)


1.3 Abordagem Humanista

Essa abordagem enfoca essencialmente no sujeito como principal criador de conhecimento humano. Além disso, destaca as relações interpessoais e favorece o desenvolvimento da personalidade.

Uma das grandes diferenças dessa abordagem para as apresentadas anteriormente é a ênfase dada na vida emocional e psicológica do indivíduo e a preocupação com a sua orientação interna. Preocupa-se com o auto-conceito e com a formação de uma visão autêntica de si mesmo, orientada não só para um realidade individual, mas também grupal. (MIZUKAMI, 2013, p. 38)

Neste modelo ensino-aprendizagem, o professor não detém todo o conhecimento, mas transmite o conteúdo que sabe e dá assistência, sendo um mediador do processo de aprendizagem. O aluno absorve o conhecimento através de suas próprias experiências. (Ibdem, p. 38)

Destaca-se nesta linha teórica a inexistência de modelos prontos, tampouco regras, mas um processo, um novo caminho de construção do conhecimento, visando a auto-realização ou o uso pleno das potencialidades individuais. 

Rogers, teórico humanista, não preocupa-se especificamente com a sociedade, mas sim com o indivíduo. A visão humanista critica o planejamento social e cultural proposto por Skinner, teórico comportamentalista, o foco é o empoderamento dos próprios indivíduos a estabelecerem bons relacionamentos interpessoais para que assim tornem-se mais auto-responsáveis, aproximando-os da auto-realização.

Ou seja, diferente das outras duas propostas apresentadas acima, onde o foco era o produto final do conhecimento, a abordagem humanista dá ênfase no processo de aprendizagem. O foco da educação é o aluno e não o conteúdo programático. O objetivo é alimentar e liberar a capacidade de auto-aprendizagem da criança.

A visão sobre a escola nessa abordagem também difere das outras, pois acredita-se que a instituição deva oferecer condições para que a criança se desenvolva respeitando-a, pois cada aluno é único e o relacionamento do professor e da escola com cada um dos alunos também deve ser único. (MIZUKAMI, 2013, p. 46)

Mizukami elenca diversas ações que, segundo Rogers (1972), devem ser seguidas pelos entusiastas da teoria humanista, como abolir exames, notas e diploma, pois simbolizam o fim ou a conclusão de algo, pois o modelo humanista, ao contrário, deve priorizar o processo continuado de aprendizagem.


Capítulo 2: Análise do livro "Pinóquio às avessas" sob o ponto de vista das abordagens psicopedagógicas


No capítulo a seguir, reproduzimos trechos da obra literária e elencamos concepções teóricas que embasam a retórica das personagens em relação aos conceitos vistos no capítulo anterior.

Não seguimos a ordem cronológica da história tampouco analisamos todos os diálogos. Apenas retiramos alguns trechos que dialogam com a proposta da presente pesquisa para representar cada abordagem conceitual. Portanto, não esgotamos as possibilidades de análise.

Em resumo, a obra narra a vida de um casal com um filho em idade pré-escolar e o trato que os pais têm com a criança durante todas as fases de seu desenvolvimento, inclusive na idade escolar, quando situações em classe e questionamento da criança do funcionamento da própria instituição educacional nos fazem refletir sobre a educação e o conflito de pensamentos e propostas pedagógicas.


2.1 Abordagem Tradicional

Os exemplos a seguir denotam um modelo de abordagem escolar tradicional corroborando o que levantamos de teoria no capítulo 1.

-- Assim é a vida, é preciso trabalhar para ganhar dinheiro. (...) As escolas existem para transformar as crianças que brincam em adultos que trabalham. (ALVES, 2005, p. 18)

No trecho acima podemos perceber que o conceito do pai do garoto acerca do porquê ir para à escola está atrelado à uma concepção tradicional e acrítica da realidade. Ou seja, acredita numa escola diretiva e empirista, onde o dinheiro será a recompensa pelo seu trabalho.

Conforme elucida Mizukami "o diploma pode ser tomado, então, como um instrumento de hierarquização dos indivíduos num contexto social. Essa hierarquia cultural resultante pode ser considerada como fundada no saber, no conhecimento da verdade". (2013, p. 10)

O pai do garoto prossegue:

-- Você vai ter que tirar as melhores notas para entrar na universidade. (...) Os adultos são a profissão que exercem. (ALVES, 2005, p. 20)

A fala evidencia como o sistema tradicional de ensino afeta a cabeça do responsável pela criança. Ou seja, sem mesmo entender o porquê tem que ir pra escola, é obrigada a aceitar o sistema de notas como mérito de classificação para o ensino superior.

De acordo com Mizukami, "A avaliação é realizada predominantemente visando a exatidão da reprodução do conceito comunicado em sala de aula. As notas obtidas funcionam, na sociedade, como níveis de aquisição do patrimônio cultural” (2013, p. 17)

Já em outro trecho da obra de Paiva, temos:

"Agora não é hora de pensar em pássaros. Os nomes dos pássaros não estão no programa de português. Na aula de português, temos de pensar e falar sobre aquilo que o programa manda.

Felipe não entendeu o que era 'programa'.

-- Professora, o que é programa?

Sabendo que Felipe era uma criança, ela explicou de forma bem fácil:

-- Programa é uma fila com todas as coisas que você deve aprender na escola, colocadas uma atrás da outra.

-- E... professora... – Felipe continuou – quem é que diz quais são as coisas que devo aprender? Quem foi que colocou em fila as coisas que devo aprender?

-- Quem põe os conhecimentos em fila são pessoas muito inteligentes do governo.

-- E como é que eles sabem o que quero aprender, se não me conhecem e moram longe de mim?

-- A escola não é para você aprender aquilo que quer. – disse a professora. A escola é para você aprender aquilo que deve aprender. O que você deve aprender é aquilo que disseram os homens inteligentes do governo. Tudo na ordem certa. Uma coisa de cada vez. Todas as crianças ao mesmo tempo. Na mesma velocidade..." (ALVES, 2005, p. 9-10)

Neste trecho é possível perceber que há uma barreira na comunicação entre mestre e aluno. Ambos parecem não falar a mesma língua. A criança não entende o mecanismo e a lógica de funcionamento da escola e é "obrigado" a aceitar a resposta absoluta da professora.

Conforme Mizukami:

Para esse tipo de abordagem, a existência de um modelo pedagógico é de suma importância para a criança e sua educação. [...] O papel do professor está intimamente ligado à transmissão de certo conteúdo que é predefinido e que constitui o próprio fim da existência escolar. [...] O professor já tem todo o conteúdo pronto e o aluno se limita, passivamente a escutá-lo. [...] A reprodução dos conteúdos será feita pelo aluno, de forma automática e sem variações. (2013, p. 15)


Na sequência do diálogo:

"Felipe não estava entendendo. 

-- O que são notas papai? – ele perguntou.

-- Notas são números que os professores colocam no boletim, números que dizem quanto você aprendeu.’’ (ALVES, 2005, p. 21)

A explicação do pai parece confundir ainda mais a criança. O método explicativo não faz sentido para o garoto.

E segue:

"Para darem notas, os professores fazem o que se chama de provas, com uma série de perguntas sobre aquilo que eles ensinaram. Os alunos devem responder." (ALVES, 2005, p. 23)

Fica fácil notar na fala acima que a ênfase está no produto e não no processo, a memorização do conteúdo é mais importante do que propriamente o que se aprendeu de fato. 

Segundo Mizukami (2013, p. 10), "o diploma pode ser tomado como um instrumento de hierarquização. Uma aquisição de status, que consequentemente possibilita uma entrada no mercado de trabalho."


2.2 Abordagem Comportamentalista

Já os exemplos abaixo correspondem à abordagem escolar comportamentalista de acordo com a teoria levantada no capítulo 1.

"Agora você é criança. As crianças brincam. Quando você crescer, deixará de ser criança e se transformará em adulto. Os adultos trabalham. Assim é a vida. É preciso trabalhar para ganhar dinheiro, para comprar uma casa, casar, ter filhos." (ALVES, 2005, p. 18)  

Segundo Mizukami (2013, p. 22), "o meio controla o homem, sendo este um produto deste ambiente externo e; ao mesmo tempo, o homem é controlador do ambiente em que vive, conforme reage a ele".

"As escolas existem para transformar crianças que brincam em adultos que trabalham. É preciso entrar no mercado de trabalho. (...) É o diploma que diz o que você é. Os adultos são a profissão que exercem. Aí você vai trabalhar, ganhar dinheiro, ter filhos, que vão para a escola, onde lhes ensinarão muitas coisas". (ALVES, 2005, p. 18-21)

De acordo com Skinner, o comportamento humano é modelado e reforçado a partir da recompensa, controle e planejamento cuidadoso das contingências de aprendizagem. Desta forma, o indivíduo ora responde e ora é passivo as solicitações do meio. 

A educação preocupa-se com os aspectos mensuráveis e outros observáveis, consideram o processo de aprendizagem pelos princípios científicos, nos quais os alunos e instrumentos de ensino são analisados pela via comportamental, através da aquisição de competências a serem desenvolvidas ou mudadas através de treinamentos. 

"Desse dia em diante, Felipe passou a olhar na direção certa. Olhava os olhos do professor. Olhava para as lições dos livros. Passou a tirar as melhores notas da classe. Nunca mais foi mandado ao psicólogo". (ALVES, 2005, p. 39)

Os condicionantes poderiam variar desde elogios, o próprio reconhecimento do professor como o dos colegas até o diploma ou a ascensão social.

"Felipe ficou pensativo e voltou a pensar sobre sua profissão. (...) Quero me formar em adulto. Quero entrar na escola. Tenho que tirar boas notas. Tenho que tirar as melhores notas e entrar na universidade. Quero ter um diploma em que esteja escrito ‘cuidador de pássaros’" (ALVES, 2005, p. 24)

Para Mizukami (2013, p. 25), "O ensino em si é compreendido por padrões de comportamentos estabelecidos em sequências específicas; contudo é gradual respeitando a individualidade de cada aluno, um respeito ao individual."


2.3 Abordagem Humanista

Durante o livro só é possível encontrar trechos sobre a abordagem humanista durante um sonho de Felipe, conforme mostra a passagem abaixo:

"O sonho feliz foi quase uma repetição de uma estória que seu pai havia lido para ele no livro Alice nos País das Maravilhas. Era assim: Alice estava conversando com muitos bichos. Um deles um pássaro grande, que tinha um nome engraçado: Dodô. Haveria uma corrida da qual todos participariam. Alice perguntou ao pássaro quais seriam as regras. Ele explicou:

Primeiro marca-se o caminho da corrida, nem tipo de círculo. A forma exata não tem importância. Então os participantes são todos colocados em lugares diferentes, ao longo do caminho, aqui e ali. Não tem nada de '1, 2, 3 e já'

Eles começam a correr quando tem vontade e param quando querem, o que torna difícil dizer quando a corrida termina. 

Assim a corrida começou. Depois que haviam corrido um certo tempo, o pássaro Dodô gritou:

A corrida terminou

Todos se reuniram ao redor de Dodô e perguntaram:

Quem ganhou?

Todos ganharam - ele respondeu - E todos devem ganhar prêmios". (ALVES, 2005, p. 32-33) 

É possível perceber nesse trecho características da abordagem, como por exemplo o respeito ao tempo e a subjetividade de cada aluno. Não existem perdedores, todos tiveram ganhos com a corrida. O professor interage e conversa de forma horizontal com os alunos.

Mizukami aponta sobre a escola humanista:

A escola decorrente de tal posicionamento será uma escola que respeite a criança tal qual é, e ofereça condições para que ela possa desenvolver-se em seu processo de vir-a-ser. É uma escola que ofereça condições que possibilitam a autonomia do aluno. (2013, p. 47)


Considerações Finais


A partir da leitura crítica da obra de Rubem Paiva,  "Pinóquio às Avessas" e das análises relativas às abordagens do processo ensino-aprendizagem, consideramos que a educação no Brasil ainda é representada por um modelo de ensino tradicional, reforçado, em especial, com as reformas que o atual governo tem feito no sistema educacional do país. Escolas técnicas, por exemplo, formam massa de manopla e não cidadãos críticos e pensantes.

Consideramos que os modelos propostos por Mizukami utilizados na presente pesquisa, apesar de constituírem padrões absolutos de linhas teóricas, dificilmente são transmitidos integralmente. Ou seja, sofrem influência múltipla de professores e história de vida das diferentes famílias, com diferentes origens e formas de educação em casa.

Consideramos que há um contraste e um conflito entre as aspirações, sonhos e criatividade da crianças com os padrões da sociedade. Muitas vezes um modelo de ensino pode castrar a capacidade de admirar-se com o conhecimento, com as possibilidades infinitas da vida. 

Por fim, consideramos que o modelo de escola tradicional foi colocada em xeque. Acreditamos que um modelo que mais se aproxima da realidade das novas gerações é o modelo humanista visto que se desenvolve num sistema de aprendizado mais livre. O aluno é visto como um ser único, que deve ter suas subjetividades respeitadas. 


BIBLIOGRAFIA

ALVES, Rubem. Pinóquio às Avessas. Campinas: Verus Editora, 2010.

BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Disponível em: http://www.marcelo.sabbatini.com/wp-content/uploads/downloads/becker-epistemologias.pdf Acesso em: 17/09/2018.

MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 2013.


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