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Estudo do Inconsciente

 Inconsciente: Perspectivas Filosóficas e Psicanalíticas O estudo do inconsciente tem sido uma das áreas mais fascinantes e complexas da filosofia e da psicologia. Desde os tempos antigos, filósofos têm contemplado a natureza oculta da mente humana, enquanto a psicanálise, especialmente através dos trabalhos de Sigmund Freud e outros psicanalistas contemporâneos, tem lançado luz sobre as camadas profundas da psique humana.  Este breve texto visa explorar essas perspectivas, desde os fundamentos filosóficos até as contribuições contemporâneas da psicanálise, incluindo importantes figuras brasileiras nesse campo. Filosofia e o Inconsciente A investigação filosófica sobre o inconsciente remonta aos tempos antigos, com Platão sugerindo a existência de uma alma dividida em camadas, algumas das quais permanecem inacessíveis à consciência. Aristóteles, por sua vez, discutiu o papel dos sonhos como reveladores de desejos e preocupações ocultas.  No entanto, foi com a ascensão da psicanálise qu

O desejo de analista", de Bruce Fink

 O capítulo "O desejo de analista" de Bruce Fink, presente em seu livro "Introdução clínica à psicanálise lacaniana", aborda um dos conceitos fundamentais da psicanálise lacaniana: o desejo do analista. Fink argumenta que, ao contrário do que se pode pensar, o desejo do analista não é algo que pode ser completamente controlado ou eliminado. Na verdade, o desejo é parte integrante do processo analítico e pode ser usado de forma produtiva para ajudar o paciente a alcançar uma compreensão mais profunda de seus problemas.


O autor destaca que o desejo do analista não é o desejo sexual, como muitos podem imaginar, mas sim o desejo de saber e de entender o paciente. Ele enfatiza que o analista precisa estar disposto a se envolver emocionalmente com o paciente, sem deixar que suas próprias questões pessoais interfiram na análise. Fink destaca a importância de o analista ter uma relação "neutra benevolente" com o paciente, em que ele não busca satisfazer suas próprias necessidades ou desejos, mas sim ajudar o paciente a encontrar suas próprias respostas.


Uma das principais contribuições de Fink neste capítulo é a ideia de que o desejo do analista é o único desejo que o analista deve ter durante a análise. Isso significa que o analista deve evitar qualquer tipo de desejo que possa interferir na análise, seja ele sexual, emocional ou de qualquer outra natureza. Isso não significa que o analista deve ser frio ou distante, mas sim que ele deve estar consciente de seus próprios desejos e limites, para que possa ajudar o paciente da melhor maneira possível.


Em suma, o capítulo "O desejo do analista" de Bruce Fink é uma contribuição valiosa para a compreensão do papel do analista no processo analítico. Fink argumenta que o desejo do analista é parte integrante do processo e pode ser usado de forma produtiva para ajudar o paciente a alcançar uma compreensão mais profunda de seus problemas. Ele enfatiza a importância de o analista estar consciente de seus próprios desejos e limites, para que possa ter uma relação "neutra benevolente" com o paciente. A ideia de que o único desejo do analista deve ser o desejo de entender e ajudar o paciente é uma contribuição importante para a teoria e prática da psicanálise.


Com base em estudos psicanalíticos, o "desejo de analista" é considerado um dos conceitos fundamentais da psicanálise lacaniana. Este desejo pode ser entendido como o desejo do analista de entender e ajudar o paciente, sem interferir na análise com seus próprios desejos pessoais. Neste sentido, diversos autores têm discutido este tema em seus trabalhos, apresentando diferentes perspectivas sobre o assunto.


Barbato (2010) destaca que o desejo do analista é um dos pontos centrais da teoria e prática da psicanálise, e que este deve estar sempre presente no processo analítico. Segundo ele, o desejo do analista é fundamental para que o paciente possa se sentir acolhido e seguro para expor suas angústias e conflitos, sem medo de ser julgado. Além disso, o autor enfatiza que o desejo do analista não deve ser confundido com o desejo sexual, mas sim com o desejo de saber e entender o paciente.


Moretto (2018) aborda o tema do desejo do analista a partir da perspectiva de Jacques Lacan, um dos principais teóricos da psicanálise lacaniana. A autora destaca que o desejo do analista é um dos conceitos mais importantes de Lacan, e que este é o desejo de escutar e compreender o paciente, sem interferir em suas questões pessoais. Moretto enfatiza que o analista deve estar atento aos seus próprios desejos e limites, para que possa oferecer uma escuta empática e ajudar o paciente a encontrar suas próprias respostas.


Dunker (2012) apresenta uma visão crítica sobre o desejo do analista, argumentando que este pode ser entendido como um ideal inatingível. Segundo o autor, o desejo do analista é uma fantasia, que pode levar a uma sobrecarga emocional do analista e a um comprometimento da análise. Dunker destaca que, em vez de se concentrar no desejo do analista, é importante que o analista trabalhe para manter uma postura ética e reflexiva, que permita a escuta empática do paciente.


Além desses autores, há uma vasta literatura sobre o tema do "desejo de analista" na psicanálise, que pode ser consultada por aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto. Vale ressaltar que a compreensão do desejo do analista é fundamental para a prática clínica em psicanálise, e que este deve ser constantemente avaliado e trabalhado pelo analista, a fim de garantir um processo analítico ético e efetivo.



Em suma, o "desejo do analista" é um conceito fundamental da psicanálise lacaniana, e tem sido objeto de estudo e discussão por diversos psicanalistas. Enquanto alguns destacam a importância do desejo do analista para o processo analítico, outros são mais críticos em relação a este conceito, argumentando que ele pode levar a idealizações e sobrecargas emocionais do analista. No entanto, a maioria dos autores concorda que o desejo do analista deve ser entendido como o desejo de escutar e entender o paciente, sem interferir em suas questões pessoais.


Referências bibliográficas:


Barbato, W. (2010). Desejo de analista e pulsão. Revista Brasileira de Psicanálise, 44(2), 155-168.


Dunker, C. (2012). Sobre o desejo do analista. In Cadernos de psicanálise, 34(28), 137-156.


Fink, B. (1998). Introdução clínica à psicanálise lacaniana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.


Moretto, M. L. T. (2018). O desejo de analista segundo Jacques Lacan. Psicologia em Pesquisa, 12(2), 225-233.



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