Bardin configura a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.’’ (BARDIN, 1977) dentro do texto de CAMPOS, 2004 (Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.)
Porém, a própria autora afirma que este conceito não é suficiente para definir a especificidade da técnica, acrescentando que a intenção é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente de recepção), inferência esta que ocorre a indicadores quantitativos ou não. (CAMPOS, 2004, p. 612)
Desta forma, atualmente, a técnica de análise de conteúdo refere-se ao estudo tanto dos conteúdos nas figuras de linguagem, reticências, entrelinhas, quanto dos manifestos. (CAMPOS, 2004, p. 612)
É viável que se delineie os campos dos métodos de análise de conteúdo, como vemos no quadro 1: (CAMPOS, 2004, p. 612)
Pode-se por assim dizer que o método de análise de conteúdo é balizado por duas fronteiras: de um lado a fronteira da lingüística tradicional e do outro o território da interpretação do sentido das palavras (hermenêutica). (CAMPOS, 2004, p. 612)
Se o caminho escolhido voltasse para o domínio da lingüística tradicional, a análise de conteúdo abarcaria os métodos lógicos estéticos, onde se busca os aspectos formais típicos do autor ou texto. Nesse território, o estudo dos efeitos do sentido, da retórica (estilo formal), da língua e da palavra, invariavelmente evolui, na lingüística moderna, para a ‘análise de discurso’. (CAMPOS, 2004, p. 612)
No outro lado, sob a fronteira da hermenêutica, os métodos são puramente semânticos, subdividindo-se em métodos psicológico-semânticos, que pesquisam as conotações que formam o campo semântico de uma imagem ou de um enunciado, e em métodos semânticos estruturais, que se aplicam a universos psico-semânticos ou sócio- semânticos mais ampliados. (CAMPOS, 2004, p. 612)
No centro, localiza-se o grupo de métodos lógico- semânticos, lógicos, pois se o alcance da análise de conteúdo é de um classificador, assim sendo, a classificação é lógica, segue parâmetros mais ou menos definidos e o analista se vale de definições, que são problemas da lógica. (CAMPOS, 2004, p. 612)
[…] os dados são analisados levando-se em consideração os significados atribuídos pelo seu sujeito de pesquisa. (CAMPOS, 2004, p. 613)
O ato de inferir significa a realização de uma operação lógica, pela qual se admite uma proposição em virtude de sua ligação com outras proposições já aceitas como verdadeiras. (BARDIN, 1977)
Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977 dentro de CAMPOS, 2004, p. 613
Fase de pré-exploração do material ou de leituras flutuantes. Nesta fase a utilização de uma leitura menos aderente, promove uma melhor assimilação do material e elaborações mentais que forneceram indícios iniciais no caminho a uma apresentação mais sistematizada dos dados. Essas leituras iniciais promovem uma visão “descolada”, a qual permite ao pesquisador transcender a mensagem explícita e de uma forma menos estruturada já conseguir visualizar mesmo que primariamente, pistas e indícios não óbvios. (CAMPOS, 2004, p. 613)
A Seleção das unidades de análise (ou unidades de significados). O evidenciamento das unidades de análise temáticas, que são recortes do texto, consegue-se segundo um processo dinâmico e indutivo de atenção ora concreta a mensagem explícita, ora as significações não aparentes do contexto. (CAMPOS, 2004, p. 613)
Difícil neste momento é delinear com absoluta transparência os motivos da escolha deste ou daquele fragmento, sem levar em consideração que a relação que se processa entre o pesquisador e o material pesquisado é de intensa interdependência. (...) Neste constante ir e vir entre os objetivos do trabalho, teorias e intuições do pesquisador emergem as unidades de análise. (CAMPOS, 2004, p. 613)
O processo de categorização e sub-categorização. (CAMPOS, 2004, p. 613)
Conjuntamente na formação das categorias e sub-categorias, é prudente a codificação das unidades de análise para que essas não se percam na diversidade do material trabalhado. (CAMPOS, 2004, p. 614)
Codificar é o processo através do qual os dados brutos são sistematicamente transformados em categorias e que permitam posteriormente a discussão precisa das características relevantes do conteúdo. (CAMPOS, 2004, p. 614)
O processo de codificação, ou seja, a marcação das unidades de análise, com sinais ou símbolos que permitam seu agrupamento posterior (em categorias ou subcategorias), geralmente é muito individual, cabendo ao pesquisador se valer da forma que mais lhe agrade. (CAMPOS, 2004, p. 614)
Percebemos, em nossa experiência, que a codificação alfa-numérica tem a preferência de boa parte deles. Percebemos que no exercício da categorização se abre um leque de categorias, principalmente quando se escolhe o meio não apriorístico, sendo que esta etapa é exaustiva e deve culminar com movimentos de reagrupamento e configuração final das categorias e subcategorias. (CAMPOS, 2004, p. 614)
PARA O TRABALHO DO RUBENS PARÁGRAFO ABAIXO
No método de análise de conteúdo de Laurence Bardin, os dados são analisados levando-se em consideração os significados atribuídos pelo seu sujeito de pesquisa. A análise de dados se divide em três fases, a primeira é a fase de pré-exploração do material ou de leituras flutuantes.
Nesta fase a utilização de uma leitura menos aderente, promove uma melhor assimilação do material e elaborações mentais que forneceram indícios iniciais no caminho a uma apresentação mais sistematizada dos dados. Essas leituras iniciais promovem uma visão “descolada”, a qual permite ao pesquisador transcender a mensagem explícita e de uma forma menos estruturada já conseguir visualizar mesmo que primariamente, pistas e indícios não óbvios. (CAMPOS, 2004, p. 613).
A segunda fase é a seleção de unidades que expressam significados específicos do tema que vem a ser evidenciado, por meio de recortes do texto, palavras ou frases, ora concretas em mensagens explícitas, ora significações que podem ser feitas a partir do texto, busca-se assim delimitar os fragmentos que mais se aproximam da temática do projeto. '' Neste constante ir e vir entre os objetivos do trabalho, teorias e intuições do pesquisador emergem as unidades de análise que futuramente são categorizadas.'' (CAMPOS, 2004, p. 613)
De acordo com Claudinei Campos (2004) que trata sobre a análise de conteúdo de Bardin, a terceira fase se dispõe ao processo de categorização e subcategorização.
Inicialmente é prudente produzirmos uma codificação para marcar categorias dos dados brutos colhidos e transformando em unidades para uma discussão mais relevante, normalmente a codificação alfanumérica é usada, mas podem também ser usados sinais ou símbolos. Esta etapa é muito importante, exaustiva, e depende das outras duas fases iniciais para poder ser concluída com sucesso. A categorização e subcategorização é a fase do agrupamento das unidades de análise.
Claudinei, José, Gomes, Campos. (2004). Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, 57(5):611-614. doi: 10.1590/S0034-71672004000500019. Brasília (DF) 2004 set/out;57(5):611-4
CAMPOS, Claudinei J. G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde in revista Brasileira de Enfermagem, Brasília: set/out 2004. 57(5):611-614. doi: 10.1590/S0034-71672004000500019
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977
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